Esqueça as mornas pré-épocas. Esqueça as previsíveis taças nacionais. A ideia mais eletrizante do futebol europeu acaba de chegar não a Madrid ou a Barcelona, mas sim à sala de reuniões do Porto, e é uma bomba-relógio.
Numa reunião dos presidentes mais poderosos de Portugal, o lendário patrão do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, não fez apenas uma proposta. Ele lançou um golpe. A sua arma? Um projeto para uma Taça Ibérica — um elegante e feroz confronto de gladiadores com oito equipas, entre os leões de Espanha e os gigantes de Portugal. Este não é apenas um novo torneio; é uma declaração de guerra ao status quo, e está a chegar ao seu calendário, às suas carteiras e à sua lealdade.
Porque é que isto não é só conversa — é uma bomba-relógio
Pense nos jogos. Benfica vs Real Madrid. Porto x Barcelona. Sporting vs Atlético de Madrid. O tipo de confrontos que normalmente só acontecem nos quartos de final da Liga dos Campeões, agora reunidos num mata-mata explosivo e eletrizante. Quatro equipas da La Liga. Quatro da Primeira Liga. Sem rodeios. Só emoção.
A genialidade está na ganância — a boa. Pinto da Costa está a cortar na burocracia e a apontar diretamente para uma montanha de dinheiro inexplorado: uma mina de ouro em direitos de transmissão, o sonho de qualquer patrocinador e estádios a pulsar com uma paixão única, alimentada pela fronteira. Para a elite portuguesa, é uma hipótese de drenar o poderio financeiro do futebol espanhol. Para os aristocratas espanhóis, é uma porta de entrada elegante e atraente para conquistar um ávido mercado vizinho. É uma situação em que todos ganham, construída sobre puro espetáculo.
A Batalha Real nos Bastidores
Mas aqui está o verdadeiro drama: os obstáculos gritantes são o que torna tudo isto tão tentador. Conseguirá Pinto da Costa, o grande provocador do futebol, seduzir os gigantes espanhóis e os seus cautelosos órgãos sociais? Conseguirão abrir espaço num calendário controlado pela UEFA? A própria dificuldade é a prova da sua potência.
Esta é a anti-Superliga. Está enraizada na geografia, na história e na genuína fúria desportiva. É a rivalidade histórica entre o Porto e os clubes galegos, as batalhas técnicas entre Braga e Sevilha, tudo amplificado num palco grandioso e lucrativo.
O Porto não sugeriu apenas uma taça. Acendeu um rastilho. Colocou uma questão que agora ecoará em todas as salas de reuniões, de Lisboa a Valência: Temos coragem suficiente para reivindicar o nosso destino comum?
Uma coisa é certa: a conversa mudou. A batalha pela alma do futebol ibérico tornou-se muito mais interessante e muito mais rentável. O dragão falou. Quem responderá?

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